Significações imaginárias e modelagem matemática: questões sobre o sentido
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Considerar os Ambientes de Modelagem Matemática (AMM) a partir de uma perspectiva sociocrítica (Barbosa, 2001) implica reconhecer sua natureza como práticas sociais —e, portanto, discursivas. Nesse contexto, um modelo matemático apresenta duas dimensões essenciais: uma referencial, ligada a um tema e ao seu significado, e outra valorativa, relacionada ao sentido que assume nas práticas sociais em que está inserido. Este artigo tem como objetivo apresentar uma relação semiótica —com base em Bakhtin (2000) e Volóchinov (2009)— entre os AMM e os sentidos construídos para tais modelos. Propõe-se, ainda, que as significações imaginárias sociais (Castoriadis, 1975), entendidas como elementos instituintes e instituídos das práticas sociais, oferecem uma compreensão aprofundada da riqueza valorativa presente nas práticas discursivas dos AMM, uma vez que essas significações as precedem e fundamentam. Para isso, o texto inicia com uma discussão sobre a modelagem matemática em relação aos conhecimentos matemático, tecnológico e reflexivo. Em seguida, explora-se o sentido como complemento valorativo do caráter referencial de um modelo matemático, relacionando-o às significações imaginárias, uma vez que ambos existem como resposta a perguntas. A noção de significações imaginárias (Castoriadis, 1975) é abordada como resposta às questões fundamentais da humanidade, como esquema organizador das possibilidades de representação em uma sociedade e como configuração simultaneamente instituída e instituinte dessa sociedade. Por fim, apresenta-se a noção de exotopia (interação eu-outro) como condição fundamental para gerar excedentes de visão e promover a transformação social por meio dos Ambientes de Modelagem Matemática. Reconhece-se, também, o papel das significações imaginárias como fator determinante das possibilidades de exotopia.
- Matemática
- Modelagem matemática
- Semiótica
- Discurso
- Interação social
- Sentido
- Significações imaginárias
- Diálogo
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